Yáyá Massemba - Maria Bethânia
Que noite mais funda calunga
no porão de um navio negreiro
que viagem mais longa candonga
ouvindo o batuque das ondas
compasso de um coração de pássaro
no fundo do cativeiro
É o semba do mundo calunga
batendo samba em meu peito
Kaô Kabiecilê Kaô ôô
Okê Arô Okê
Quem me pariu foi o ventre de um navio
Quem me ouviu foi o vento no vazio
do ventre escuro de um porão
Vou baixar no seu terreiro
Epa raio machado trovão
Epa justiça de guerreiro
Ê semba ê ê samba á
o batuque das ondas nas noite mais longas
me ensinou a cantar
Ê semba ê ê samba á
dor é o lugar mais fundo
é o umbigo do mundo
é o fundo do mar
Ê semba ê ê samba á
no balanço das ondas
Okê Arô me ensinou a bater seu tambor
Ê semba ê ê samba á
no escuro porão eu vi o clarão do giro do mundo
Que noite mais funda calunga
no porão de um navio negreiro
que viagem mais longa candonga
ouvindo o batuque das ondas
compasso de um coração de pássaro
no fundo do cativeiro
no porão de um navio negreiro
que viagem mais longa candonga
ouvindo o batuque das ondas
compasso de um coração de pássaro
no fundo do cativeiro
É o semba do mundo calunga
batendo samba em meu peito
Kaô Kabiecilê Kaô ôô
Okê Arô Okê
Quem me pariu foi o ventre de um navio
Quem me ouviu foi o vento no vazio
do ventre escuro de um porão
Vou baixar no seu terreiro
Epa raio machado trovão
Epa justiça de guerreiro
Ê semba ê ê samba á
é o céu que cobriu nas noites de frio minha solidão
Ê semba ê ê samba á
é oceano sem fim sem amor sem irmão
ê Kaô quero ser seu tambor
Ê semba ê ê samba á
eu faço a lua brilhar
o esplendor e clarão
luar de Luanda em meu coração
Umbigo da cor, abrigo da dor
a primeira umbigada
Massemba Yáyá
Massemba é o samba que dá
Vou aprender a ler
Pra ensinar meus camaradas