A VIDA É FEITA DE MOMENTOS... TÔ FAZENDO A MINHA HISTÓRIA!!!



quarta-feira, julho 22, 2009

Tem atitudes que a gente toma na vida que a gente daria a vida pra não ter tomado.
Quem disse isso foi uma personagem de Glória Perez. E acho que é bem por aí.
Hoje eu vi duas cenas, quase que uma seguida da outra. E essas cenas me mostraram um pouco que eu tenho motivos de sobra pra sorrir e não pra chorar.

A primeira foi quando parei num posto de gasolina para completar o tanque do carro. De longe eu observava uma adolescente de costas, cabelo preso pra cima, com aquelas piranhas, calça jeans que delineava um belo traseiro, blusinha moderninha. De longe eu observava que comia enlouquecidamente algum petisco. Então eu precisei me aproximar para efetuar o pagamento. Tive que ir até o balcão onde ela estava para passar o cartão de débito, mas à medida que me aproximava, ía me esquecendo daquela figura, que naquele momento me parecia ser apenas mais uma adolescentezinha com todo o seu fogo juvenil que quer chamar a atenção de um macho de sua espécie. Mas foi quando parado no balcão, examente ao lado da menina, sentindo o cheiro do bacon que exalava o resto do salgadinho que ela se deliciava, foi que comecei a perceber que estava sendo por ela olhado. Subindo lentamente meu olhar para encontrar o seu, percebi que seus braços apresentavam algum tipo de deficiência, não eram perfeitos. E só então quando subi definitivamente até seu rosto, antes mesmo de encontrar seus olhos, percebi um sorriso enorme e encantador, em meio à farelos de salgadinho de bacon, que pareciam dizer "que bom que você está do meu lado". Mas quando penetrei os olhos nos olhos daquela menina deficiente físico e mental, eu consegui ler algo como "eu não sei quem é você, não te conheço, nem nunca te vi na vida, mas acho você uma pessoa incrível".

Não tenho mais palavras pra descrever os minutos seguintes que se passaram até que eu avistasse a segunda cena da noite, mas fiquei com aquele sorriso puro e inocente em minha mente, e confesso que até agora ele me impressiona. Ainda pude a ver abraçando, gostosamente, uma frentista do posto que se aproximava dela e ouvir algumas palavras confusas de se entender, por sua deficiência por falar, mas que pareciam sinceras, enquanto a simpática frentista limpava os farelos da boca da doce menina.

Bem, a segunda cena, foi uma cena totalmente diferente, mas é o tipo da coisa que eu não gosto de ver, me machuca, pois atrás de olhos enxarcados sempre se esconde um sentimento de dor. Mesmo que o choro seja de emoção, de alegria, de alívio. Você ainda sim se lembra que se está vencendo foi porque passou por um momento dificil que te machucou. Mas a cena foi simples. Eu passava pela estação Tucuruvi do metrô e parei em um semáforo. Na esquina eu avistei uma moça, muito bonita diga-se de passagem, mas que chorava copiosamente sozinha, olhando perdidamente para os carros que passavam, como se esperasse alguém para lhe tirar daquele sofrimento. Naquele momento aquele olhar triste e molhado da menina bonita, se confundiu com o sorriso grande e encantador da menina deficiente e não tão bonita. Aquilo me mostrou um pouco do que é a vida, ou como diria Nelson, a vida como ela é. A menina não tão bonita e deficiente tinha motivos pra chorar ao passo que a menina bonita e saudável, formosa por sua juventude tinha motivos, teóricamente, para sorrir, mas o que se observava era exatamente o contrário. Quando eu saí do posto a menina continuou dando seus sorrisos para qualquer pessoa que por ali passasse ou dela se aproximasse, da mesma forma que quando passei pelo semáforo, a menina continuou na esquina derramando suas sofridas lágrimas, mas isso de certa forma se embaralhou na minha mente.
Eu lembro que há um ano atrás eu chorava sozinho no meu travesseiro, porque alguém que não queria ficar estava indo embora, sem saber se iria voltar (ou não), mas que estava me fazendo sentir uma dor que talvez eu mesmo tenha criado e que no dia 23 de julho partiu, com lágrimas no olhar dizendo que me amava. Que amor é esse?

Então hoje, um ano depois eu sorrio!
Sorrio porque não tenho motivos para chorar.
Sorrio porque eu amo as pessoas que estão ao meu redor, fazendo elas bem ou não à mim.
Sorrio porque hoje alguém sorriu pra mim, da maneira mais pura e sincera que alguém pode sorrir, e deixou que esse sorriso tomasse conta da minha mente, afim de entender que se passamos por certas coisas, é porque temos que passar.

Dessa forma, eu desejo que essa moça, que chorava copiosamente numa esquina próxima à estação do metrô, tenha força, coragem e resignação para enfrentar os próximos dias. E que levante a cabeça e nunca mais deixe que ninguém coloque em seu belo rosto, aquelas lágrimas geladas de dor e sofrimento. Assim como espero que a outra moça continue espalhando para os outros seu belo sorriso sincero e seus deliciosos abraços acompanhados de palavras enroladas que não necessitam ser compreendidas para entender a beleza de seu gesto, para que pessoas como eu se impressionem e devolvam à ela toda essa energia boa que ela me passou.

E quanto à mim?
"... eu desejo amar todos que eu cruzar pelo meu caminho. Como sou feliz, eu quero ver feliz quem andar comigo, vem..."