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quinta-feira, dezembro 16, 2010

Enfim de volta ao lar!!!
Angola foi uma experiência incrível. Tanto pelo lado positivo quanto pelo lado negativo.
Vamos começar pelo lado positivo. Foi muito importante para mim, como pessoa, ter estado na África e ver de perto aquilo que vemos em reportagens e artigos pela televisão e revistas. Angola é um país que conseguiu sua independência recente, apenas 35 anos, em fevereiro de 1975. Ainda se vê uma influência e dependência muito grande dos portugueses por toda Luanda, que é uma cidade muito contraditória, onde a diferença social é notada explicitamente em todo lugar. De repente você está numa região mais central, onde se encontra o aeroporto 4 de fevereiro e apenas à alguns metros o bairro Rocha Pinto, com um comércio de rua a céu aberto, com água podre e parada, muito lixo e vendendores ambulantes com barracas de bugingangas e até pedaços e cortes de carnes e frangos, sem conservação alguma. De noite, o cheiro que exala aquele lugar beira o insuportável. O país está em reconstrução e o que se vê é muita terra, poeira, barracos destruídos e quando se olha para o outro lado um oceano Atlântico límpido, azul e verde, naturalmente maravilhoso!!! Quando se anda pela orla de Luanda, beleza, luxo, o porto magnifico, com suas luzes noturnas arrebatadoras, com uma decoração de Natal linda, muito luxo no loteamento de Talatona, onde eu fiquei hospedado no luxuoso Hotel Florença, em frente ao Shopping Belas, grande, moderno, grandes lojas e marcas, cinema de ponta. Da sacada do meu quarto eu via grandes casas, carros luxuosos, piscinas maravilhosas!!! Nem parecia aquela mesma Luanda do caminho do aeroporto à Talatona. Então eu passava pelas ruas e via que apesar de toda essa diferença, os angolanos são muito alegres, felizes, que amam incondicionalmente seu país, sua liberdade. E isso me fez pensar que aqui no Brasil, reclamamos de barriga MUITO cheia!!! Creio que à mim não será mais preciso pensar três vezes antes de reclamar da minha vida. Uma só basta.

Pelo lado negativo, senti uma certa arrogância dos angolanos que estão mais em cima. Ou que acham que estão. Começamos pelos médicos da clínica, onde passei a maior parte da minha estadia em Luanda, acompanhando os atletas que sentiram indisposições e no mais grave dos casos a infecção do principal astro do time americano, The Professor, conhecido como Fess, pelo mosquitinho da malária. Os portugueses muito simpáticos, éticos e atenciosos, já os médicos angolanos sempre muito agressivos, prepotentes, querendo nos fazer parecer ignorantes e inferiores o tempo todo. Alguns enfermeiros no começo até que acompanhavam esse rítimo, mas ao longo das horas íam se abrindo mais e querendo uma certa proximidade para conquistar um autógrafo dos pacientes "famosos". Agora o que mais me incomodou durante essa viagem foi a viagem em si. Muito confusão e desorganização por parte da TAAG na saída de São Paulo. Mas eu nem imaginava que em Angola seria pior. O aeroporto uma bagunça. O vôo mega atrasado, não tinha funcionário pra dar informação e quando aparecia um era patada, gritos e mau humor. Uma falta de respeito. E a viagem de volta então??? A Oderbretch está no país trabalhando há um tempo, tanto que meu querido amigo Manel, passou um tempo por lá, mas já voltou pro Brasil. Em sua maioria os funcionários são brasileiros, que a cada 2 meses vem ao Brasil passar 15 dias com a família. E nesse mês de dezembro em especial, estão tirando férias. Pois bem, Lá estava eu, num vôo de 8 horas, na classe econômica, com 90% dos peões da empresa, voltando para o Brasil para passar férias.
Você deve estar pensando: Que absurdo, que preconceito! Pois eu respondo: Não, não é preconceito não. Eu também não sou grande coisa, sou um ser humano como qualquer um, mas se saí reclamando da falta de educação e do humilhante tratamento que recebi por parte dos angolanos da TAAG, me envergonhei de ver o comportamento dessas pessoas dentro do avião que me trouxe de volta ao Brasil. Não é vergonha nenhuma ser trabalhador, peão, pedreiro, faxineiro. Mas vergonha é não ter educação e respeito. E isso, essas pessoas não tinham mesmo.

Mas enfim... é isso!
Taí, deixei registrado isso para que sempre eu possa me lembrar dessa experiência. Quanto ao evento, depois eu conto.