Amo minha cidade. Caótica e nada bucólica. São Paulo é
maravilhosa, um mundo inteiro. É irritante e ao mesmo tempo apaixonante. Hoje
senti raiva e alegria por viver nessa cidade. O trânsito. O trânsito acaba com
o humor de qualquer pessoa. E talvez o trânsito seja o principal motivo de
transformar as pessoas que vivem nessa cidade. Não existe gentileza! Não existe
cidadania. São Paulo é uma grande pista de corrida. As pessoas se tornam
pilotos e competem umas com as outras o tempo todo. É como se aquele carro que
está ou tenta entrar na sua frente, te atrapalhará ali na frente. Como se um
carro fizesse a diferença. Você fica horas esperando pra entrar em uma via, ou
sair de um estabelecimento pois ninguém te deixa passar. É uma competição cujo
o objetivo é apenas não ficar parado no trânsito. Talvez a culpa seja nossa,
paulistanos, mas como definir o paulistano de hoje? Paulistano é aquele que,
como eu, nasceu na cidade de São Paulo ou é aquele que vive na cidade?
Nordestinos, sulistas, nortistas e etc que saíram de seus estados para viver
aqui, são paulistanos? Qual a diferença de quem nasceu aqui e de quem optou por
viver por aqui? A população paulistana, composta pelos autênticos paulistanos,
pelos retirantes nordestinos e os imigrantes internacionais, é que está
caótica! É ela que estraga o dia a dia dessa cidade, que a torna agressiva e
indelicada. São essas pessoas que deixam a gentileza em casa e estão prontas
para xingar, gritar e berrar à qualquer momento. Explodir de estresse. A
burguesia que não adimite perder o seu tempo em um engarrafamento. A plebe que
passa mais tempo dentro de um ônibus ou metrô, do que com sua própria família.
Os empresários e profissionais que vêm de outras cidades para passar o dia por
aqui, resolvendo assuntos de trabalho, que também estão sempre correndo, ora
para voltar para suas cidades maravilhosas logo, ou para tentar aproveitar um
braço gastronômico ou uma balada esperta, daquelas tão famosas Brasil à fora.
Essa manhã, ao sair de casa, me irritei com o trânsito, com as pessoas na fila
do banco, com os funcionários do banco, com o manobrista que roubou as moedas
que eu deixei no console do carro, com o garçom que me atendeu com má vontade,
mas me senti feliz de andar pelas ruas e as paisagens urbanas que minha cidade
me proporciona. São Paulo é uma cidade em que o norte e o sul se encontram, que
o lindo e o horrível se confundem, o pobre e o rico dançam, que a dor e a
alegria se acompanham. A cidade não tem culpa se as pessoas que vivem aqui, não
sabem e não querem fazer nada para torná-la mais agradável. São Paulo é apenas
uma cidade, como outra qualquer. Nós, paulistanos ou não, é que não sabemos
cuidar dessa grande mãe que está sempre pronta para nos acolher à qualquer hora
do dia!
SÃO PAULO, AME OU DEIXE-A!!!