O silêncio foi quebrado e eu pude entender através de uma manifestação mais em tom de despedida ou desabafo, que eu, como sempre, fui o culpado de toda a dor que eu senti.
Pelo lado espírita da coisa, de certa forma isso é verdade, pois o que acreditamos é que, de fato, somos responsáveis e culpados por exatamente tudo o que acontece ao nosso redor.
Mas pelo ponto de vista prático, não tiro a minha parcela de culpa, e estou consciente que agi por impulso, precipitação e posso ter colocado em jogo uma relação, até então, linda demais. Impulso neurótico, mas assustado. Acho injusto ser acusado de uma coisa que, de longe, tive sequer a intenção de ser, fazer e parecer.
Não posso conviver com essa ideia, de que eu sou o causador da minha e da dor alheia.
Acho que se o orgulho fosse deixado de lado e se o sentimento fosse verdadeiro, como o meu foi, a distância seria o ultimo substantivo que seria colocado entre dois corações, supostamente, magoados.
Tudo que começa intenso demais, vai embora com a mesma intensidade. E agora, o leite está derramado, e se há alguma coisa que ainda pode ser feita, ficou fora do meu alcance. Independe de mim...
Quanto ao pedaço de mim que deixei em Buenos Aires... bom, sei que aos poucos ele retornará pra mim, já que nesse momento ele anda largado e abandonado em alguma lata de lixo.
Ainda dói... Mas vai passar!
